domingo, 13 de dezembro de 2009

Ver...

Porque quero eu
ver o que não vejo?
Perseguir no sonho
a imagem que sonhei
em busca de estrelas...
Em sequência surge o anjo
alado por alva plumagem,
magnificente,
altivamente despojado,
despido,
desvanecendo-se nos céus
de veludo azul profundo,
segue-se-lhe
exótico dragão
de carácter oriental,
reluzente de pó das estrelas,
rasgando o céu
para ceder a vez
a escorreita fachada
de templo de pedra sonhado
que da central janela
projecta invertido feixe de luz
para além do vale...
Persigo o sonho,
para além do sonhado,
e na senda do término do raio
acerco-me do seu fim
junto à escarpa lavrada
e descubro o início
na pedra escavada
diante da qual, eis-me, agora
enfim chegada
apenas porque quero,
porque desejo,
ver o que não vejo...

AV