sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Intempérie"

A intempérie espraia-se
pela noite derramada,
chicoteia com seus uivos
as copas de árvores presas
que narram histórias
deixadas gravadas pelo vento
em cicatrizes pelos troncos...
Histórias de outros ventos
que varreram o interior de mim
na ânsia desabrida
de um tempo escorreito,
sem termo,
na vaga hirsuta
de outras memórias
há muito esquecidas...
Quedam-se
em pedaços
os céus
ribombando em estilhaços
na luz cortante
do pano de fundo
de um horizonte
e no ribombar tenebroso
embalam-se sonos esquivos
à balada das chuvas despertas...

AV