quarta-feira, 21 de março de 2012

Jogo
o jogo da palavra,
amealhando o verbo,
no verso sem rima,
baralho letras,
acumulo som
na cacofonia da sonoridade,
da palavra solta a alta voz,
e respiro,
na escrita, no eco,
do dado lançado,
da palavra dita...
E as palavras que jogo
semeio-as ao vento
na senda do término
de um sonho fértil,
sem paralelo
nos olhos que buscam,
cercam os meus,
acossados,
na querença
de uma outra bem querença,
ténue como  asas de efémera,
sonho são de vã esperança  
de que alcances alma minha
e no sonho errado
desejo o certo
desesperando
nesta espera
de cesto sem fundo
no que alcanço não atingir
enquanto dou de beber
ao sonho,
soberbo de se achar único.
Sonho certo
o desejo errado,
sonho a solidão
no desejo da paixão
e sonho a paixão
no desejo da solidão
porque sonhando
sinto que vivo
e pelas lentes trespassadas
olho o longe
como se fora perto
porque o perto,
há muito,
se tornara incerto
no desconforto desassossegado
de um outrora,
que desejara,
de há muito
já passado…


                   
AV

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