segunda-feira, 6 de outubro de 2008

"Obra"

O tempo passa,
a vida é rio
que caminha para a foz,
delírio de sonhos
não assinalados em mapa algum...
Passa o tempo mas tu te retens,
meu companheiro,
meu amigo marceneiro,
que, com que mestria,
redesenhas formas
esculpindo em virgem madeira
profanos corpos apelando ao profano,
de prazer, sedento...
Com que atento olhar
perscrutas tua obra,
até branca roupa,
nos varais esparramada,
te vem espreitar,
calam-se escadarias,
escutam-se tuas preces
não mais ditas,
é ardùo teu moirar
mas feliz teu sorrir,
amparado, ainda, por negro bigode
que tantos beijos terá roçado,
é tua atenta testemunha parede,
pelo tempo, despida
pois grande é tua obra
pequena tua vida...

AV

1 comentário:

  1. É sempre um prazer imenso ler as palavras tão claras e sinceras que brotam do seu mundo interior cheio de sensibilidade

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